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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

O CEARÁ, JÁ REGISTRA PRIMEIRO SURTO DA "VIROSE DA MOSCA", SAIBA COMO PREVENIR E TRATAR A DOENÇA

Embora muito usado, o termo "Virose da Mosca" não corresponde exatamente à realidade. A mosca é apenas mais um dos vários veículos de contaminação (Foto: Reprodução)

Na atualização semanal de doenças mais recente divulgada pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o Estado registrou o primeiro surto de Doenças Diarréicas Agudas (DDA), popularmente conhecidas como "Virose da Mosca". Embora o nome da doença seja associado ao inseto, a mosca é apenas mais um dos vários veículos de contaminação.

Até o momento, 4.971 casos foram registrados no Ceará. O município com mais incidências foi Sobral, com 302 casos. Fortaleza não teve nenhum registro até o momento.

O período chuvoso oferece condições para o aumento de casos, já que facilita o surgimento de moscas. Estes insetos são os principais veículos de transmissão de doenças, por possuírem as patas sujas e pousarem em muitos locais.

De acordo com o médico infectologista, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e reitor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Anastácio Queiroz informou ao O POVO em entrevista no ano passado, as pessoas podem ser contaminadas tanto pela água como pelos alimentos, contraíndo, portanto, uma virose gástrica, que é autolimitada, o que implica dizer que o próprio sistema de defesa do corpo combate a infecção e que os remédios servem somente para aliviar os incômodos sintomas, como diarreia e vômito.

Queiroz ressaltou que, em caso de apenas diarreia, pode ser feito um tratamento via oral com soro caseiro, por exemplo. Entretanto, em caso de os sintomas incluírem vômito, o soro deve ser aplicado na veia.

Principais formas de contrair a doença

O professor informou que, geralmente, ocorre de as pessoas não lavarem as mãos, lavarem de modo errado ou com água imprópria. Com as mãos sujas, é feito o contato com alimentos e, também, com crianças pequenas. "É muito comum os adultos pegarem nas crianças, o adulto bota a mão no bebê e a doença é contraída".
Impactos da chuva

"Quem mais adoece é quem vive em áreas alagadas, com goteiras", colocou o médico. Normalmente, diz Queiroz, as pessoas se abrigam em locais de muita aglomeração para fugir das chuvas. "A aglomeração de pessoas facilita a doença", afirmou o reitor, citando, por exemplo, ônibus e escritórios.

A professora do departamento de biologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ana de Fátima, explicou que, nesta época do ano, os cuidados devem ser redobrados. Ela observa que Fortaleza, assim como todo o estado, não tem uma boa coleta de lixo. A situação pode ser agravada com o comprometimento da coleta de lixo devido aos ataques criminosos no Estado.

Conforme a professora, as moscas - e também os mosquitos - põem seus ovos perto da água: folhas, árvores ou, até mesmo, em um copo de café. Vômitos, diarreias, dores abdominais, dores pelo corpo, coriza, moleza e ardência nos olhos estão entre os sintomas da virose.

Virose da mosca?

Sobre o conceito, Queiroz esclarece que, embora muito usado, não corresponde exatamente a realidade. A mosca é apenas mais um dos vários veículos de contaminação, que não tem nenhuma particularidade em relação aos outros. Uma bactéria ou vírus pode ser repassado por infinitas formas. O espirro e a tosse são algumas delas.

Prevenção

Queiroz deu dicas simples de prevenção às viroses: lavar as mãos; preparar os alimentos preferencialmente com água potável. Ele afirmou que as formas de proceder são adicionando gotas de cloro ou fervendo o líquido. O médico também ressaltou a importância de cobrir os alimentos e, no caso de crianças pequenas, ter cuidado com as mamadeiras. "Todo cuidado é pouco", alerta

Dados do surto da doença em 2019

O último boletim epidemiológico das doenças diarreicas agudas (DDA) foi divulgado pela Sesa em 26 de junho de 2018. Em 2018, até o dia 16 de junho, foram notificados 194.094 casos da doença no Ceará. Se comparado ao mesmo período do ano de 2017 (211.306 casos), houve uma redução de 8,1% no número de casos.

AUTOR: O POVO

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