O ex-presidente da Bolívia nega as acusações Foto: FERNANDO CARTAGENA / AFP
Um juiz boliviano ordenou a prisão de Evo Morales, após o ex-presidente não comparecer, pela segunda vez, a uma audiência para resolver o pedido de prisão preventiva em um caso de tráfico de uma menor durante seu governo. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (17) pelo juiz de Tarija, Nelson Rocabado.
"Determina-se [que] um mandado de prisão seja emitido contra o acusado [Evo Morales]", afirmou o juiz, em audiência transmitida pelo canal estatal Bolívia TV.
O Ministério Público, que acusou formalmente Morales pelo crime de tráfico de pessoas, já havia intimado o ex-presidente em outubro de 2024, durante a fase de investigação, mas ele não apareceu.
A nova ordem de captura é para que Morales seja conduzido ao juiz responsável pelo caso. Durante a audiência desta sexta, o magistrado classificou Morales como "rebelde", e declarou que "o julgamento será suspenso até que ele se apresente", segundo afirmou à imprensa Sandra Gutiérrez, promotora responsável pelo caso.
Na sessão, o juiz também congelou os bens do político e proibiu sua saída da Bolívia.
Relacionamento jovem de 15 anos
De acordo com o Ministério Público, Morales começou um relacionamento com uma jovem de 15 anos em 2015, quando ele era presidente, e os pais dela consentiram na união em troca de benefícios. O relacionamento resultou no nascimento de uma filha um ano depois.
Segundo a investigação, os pais da menor a inscreveram na "guarda juvenil" de Morales "com o único objetivo de ascender politicamente e obter benefícios [...] em troca de sua filha menor".
Morales, de 65 anos, nega as acusações e argumenta que uma investigação pelos mesmos fatos foi arquivada em 2020.
Naquela ocasião, o ex-presidente foi investigado por estupro, mas, desta vez, a promotoria se concentra em um caso de suposto tráfico de pessoas.
Morales pode ser condenado a uma pena de 10 a 15 anos de prisão, segundo o MP. Embora o paradeiro de Morales seja público, a polícia não executou a ordem de prisão emitida contra o ex-presidente.
O ex-presidente se encontra desde setembro em Cochabamba, seu reduto político no centro da Bolívia, sob a proteção de seus partidários, que afirmam ter montado vários "anéis de segurança" para impedir a prisão.
Advogado diz que é processo é 'forçado'
Nelson Cox, advogado de Morales, questionou a decisão: "É um processo absolutamente forçado". Ele enfatizou que, neste caso, "não há vítima", pois a suposta afetada não denunciou o ex-presidente pelo crime de tráfico.
A audiência deveria ter ocorrido na terça-feira, mas Morales não compareceu. Seus advogados alegaram problemas de saúde e apresentaram laudos de broncopneumonia e bradicardia, mas o magistrado rejeitou esses documentos.
Segundo Gutiérrez, os diagnósticos apresentados pela defesa e avaliados pelo magistrado "não são impedimentos jurídicos válidos" que justifiquem a ausência do ex-presidente.
FONTE: DN
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