Egito luta contra insurgência islâmica na região, um conflito que se intensificou desde 2013 EPA
Um ataque com bomba e tiros a uma mesquita no Egito deixou ao menos 300 mortos - 30 crianças - e 100 feridos, segundo a mídia estatal do país.
Testemunhas disseram que o atentado ocorreu enquanto eram feitas as preces de sexta-feira no templo Al-Rawda, em Bil al-Abed, cidade na região do Sinai, no nordeste do país, localizada a 211km da capital, Cairo.
Segundo testemunhas, dezenas de homens chegaram ao local em veículos 4x4 e o bombardearam antes de abrir fogo contra os fiéis. Eles ainda teriam incendiado veículos estacionados nos arredores para bloquear o acesso ao templo.
"Eles atiravam conforme as pessoas saíam da mesquita", disse um morador da área à agência de notícias Reuters. "Eles estavam atirando contra as ambulâncias também."
Ainda não se sabe de fato quem está por trás deste atentado. Por enquanto, nenhum grupo assumiu sua autoria. Mas militantes ligados ao grupo extremista autodenominado Estado Islâmico foram responsáveis por diversos ataques recentes a forças de segurança e igrejas cristãs nesta Província do país.
'Força bruta'
O presidente do país prometeu reagir com 'força bruta' EPA
O presidente do Egito, Abdul Fattah al-Sisi, declarou três dias de luto e, após se reunir com autoridades para debater o incidente, disse que reagiria com "força bruta". Relatos dão conta que o bombardeios foram realizados nas montanhas ao redor de Bir al-Abed.
"O que está ocorrendo é uma tentativa de impedir nossos esforços de lutar contra o terrorismo, de destruir nossos esforços para impedir um plano terrível de acabar com o que resta de nossa região", disse Sisi em um pronunciamento na TV.
O chefe da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, condenou o ataque como um "crime aterrorizante que mostra que o Islã não tem culpa por aqueles que seguem uma ideologia extremista terrorista".
O presidente americano, Donald Trump, afirmou se tratar de um ato "horrível e covarde", enquanto a premiê britânica Theresa May se disse "chocada com o ataque revoltante" e expressou suas condolências às famílias das vítimas, assim como fez o ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian.
Insurgência
O Egito luta contra uma insurgência islâmica nesta região, um conflito que se intensificou desde 2013.
Este ataque um dos ataques mais letais do tipo na história recente do país e deixou muito nos Egito em choque. Fotos do local mostram fileiras de corpos dentro do edifício.
"Essa é a primeira vez que fiéis dentro de uma mesquita foram vítimas", afirma Sally Nabil, da BBC News no Cairo. "O número de mortos é sem precedentes para um ataque assim."
O jornalista explica que militantes operam no norte do Sinai há vários anos e têm como alvo principalmente membros das forças de segurança do país.
Centenas de policiais, soldados e civis foram mortos nos últimos anos, a maioria em ataques realizados pelo grupo Província do Sinai, que é ligado ao grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI).
Em setembro, ao menos 18 policiais foram mortos em um ataque a um comboio nesta região promovido por este grupo.
Acredita-se que seu objetivo seja assumir o controle desta parte do Egito para transformá-la em uma província sob o controle do EI.
'Hereges'
Alvo do ataque seriam apoiadores das forças de segurança egípcias AFP
Em relatos, locais são citados mencionando que seguidores do sufismo, uma corrente mística do Islã, se reúnem com frequência nesta mesquita. Alguns grupos jihadistas, inclusive do EI, consideram essas pessoas hereges.
O chefe da polícia religiosa do EI disse em dezembro passado que os sufistas que não se "arrependessem" seriam mortos, depois de o grupo extremista decapitar dois idosos que seriam clérigos dessa religião.
O Península do Sinai já matou dezenas de pessoas em ataques contra cristãos coptos, uma minoria religiosa, em outros pontos do país, e reivindica a autoria do atentado a bomba que derrubou um voo comercial que sobrevoava o Sinai em 2015, matando as 224 pessoas a bordo.
A região em que o grupo opera está em estado de emergência desde outubro de 2014, quando 33 membros de forças de segurança foram mortos em um ataque do qual o grupo assumiu a autoria. No atentado mais recente, há militares entre as vítimas.
"A frequência dos ataques lança dúvidas sobre a eficácia das operações contra o grupo", afirma Nabil.
"Mesmo que o Exército divulgue volta e meia comunicados se dizendo vitorioso em partes do Sinai, parece não haver um fim à vista para a batalha em curso entre militares e militantes."
AUTOR: BBC
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